segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A gestão dos recursos financeiros da E E Vicente de Fontes de 2012 a 2014

Nesta atividade nós faremos um estudo detalhado sobre os recursos financeiros recebidos e administrados pela Unidade Executora da Escola Estadual Vicente de Fontes, na qual atuamos como gestor no biênio 2014/2015. Para isso, convidamos o presidente do Conselho Escolar para acompanharmos neste estudo. Então, fizemos um levantamento em um quadro comparativo de todos os recursos recebidos e gastos no triênio 2012 a 2014 nos programas existentes na referida escola, assim como descrevemos o que foi gasto em custeio e capital. Vejamos o quadro 1 que trata do Programa de Alimentação Escolar - PNAE:


PROGRAMA E RECURSOS 2012
PROGRAMA E RECURSOS 2013
PROGRAMA E RECURSOS 2014
Total de alunos informados no censo no ano anterior 375
Total de alunos informados no censo no ano anterior 351
Total de alunos informados no censo no ano anterior 387 (incluso 60 alunos no PME)
PNAE R$ 22.650,00
PNAE R$ 21.270,00
PNAE R$ 31.857,60
Quadro 1: Recursos recebidos pelo PNAE nos anos de 2012, 2013 e 2014 pela Caixa Escolar da Escola Estadual Vicente de Fontes.


O PNAE, conhecido também como Merenda Escolar, é financiado pelo Governo Federal por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE que transfere recursos, em dez parcelas anuais, para as prefeituras municipais, secretarias de educação dos estados e do Distrito Federal, creches e escolas federais. Por isso, é relevante para nosso país, por se tratar de um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo. Ele valoriza a produção da agricultura familiar local com base no costume e na tradição alimentar das diversas partes do Brasil e incentiva as escolas para prática de hábitos alimentares saudáveis, proporcionando a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede pública da educação básica.
De acordo com a Lei Nº 11.947, de 16 de junho de 2009, no Artigo 2º, no inciso IV uma das diretrizes da alimentação escolar é “a participação da comunidade no controle social, no acompanhamento das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios para garantir a oferta de alimentação escolar saudável e adequada”.
Além disso, de acordo com o Artigo 3, da Resolução Nº 26 de 17 de junho de 2013:

O PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo.

Além disso, o PNAE possui como objetivos estimular o exercício do controle social sobre sua alimentação, respeitando os hábitos alimentares e vocação agrícola locais e também busca dinamizar a economia local, contribuindo para a geração de emprego e renda.
Com base nos dados expostos no quadro 1, houve uma queda na entrada de recursos no ano de 2013, devido a uma diminuição de alunos matriculados no ano anterior, isto é, informados no Censo Escolar em 2012. Em 2014, além de um número de matrículas maior, surgiu o Programa Mais Educação - PME. Assim, os recursos adquiridos por meio do PNAE no ano de 2014 foi de R$ 31.857,60, ou seja, mais de 10 mil reais com relação ao ano anterior, porque possuía como referência para o recebimento de recursos 31 alunos a mais, e 60 alunos cadastrados no PME.  Porém, mesmo considerando muitos alunos que deixam de merendar na escola, podemos dizer que os gestores escolares tem um desafio enorme para alimentar os alunos, com uma per capita de R$ 0,30 por aluno para o lanche e R$ 0,90 para lanches e almoço dos estudantes participantes do PME. O Conselho escolar afirma que nesse período houve um acompanhamento sistemático e não foram encontradas irregularidades na execução desse relevante programa.
Em seguida apresentamos o Programa de Auto Gerenciamento da Unidade Escolar – PAGUE, que foi instituído pela Lei 8.398, de 17 de outubro de 2003, publicada no Diário Oficial do Estado – DOE de 18.10.2003. O objetivo desse programa é implantar a democratização da gestão, transformando a escola em gestora financeira através da Caixa Escolar, descentralizando a execução dos recursos financeiros. Logo, o PAGUE pretende contribuir com a melhoria da infraestrutura física e pedagógica, assegurando o funcionamento da escola e também reforçando a participação social, a autogestão escolar e o controle social e, por conseguinte, concorrer para a melhoria da qualidade do ensino nas escolas estaduais do Rio Grande do Norte. Dessa forma, os recursos são transferidos na categoria de Custeio (3350.41), podendo ser utilizados nos elementos 3390.30 – consumo, 3390.36 – serviço de terceiro pessoa física e 3390.39 – serviço de terceiro pessoa jurídica. O cálculo dos valores destinados ao Caixa Escolar ocorre com base no número de alunos matriculados em cada escola multiplicado pelo valor per capita que for apurado e estabelecido como referência pela Secretaria do Estado da Educação e da Cultura a cada ano.   Vejamos o quadro 2 com recursos provindos pelo PAGUE:

PROGRAMA E RECURSOS 2012
PROGRAMA E RECURSOS 2013
PROGRAMA E RECURSOS 2014
Total de alunos informados no censo no ano anterior 375
Total de alunos informados no censo no ano anterior 351
Total de alunos informados no censo no ano anterior 387 (incluso 60 alunos no PME)
PAGUE R$ 10.196,00
PAGUE R$ 9.548,00
PAGUE R$ 9.996,50
Quadro 2: Recursos recebidos pelo PAGUE nos anos de 2012, 2013 e 2014 pela Caixa Escolar da Escola Estadual Vicente de Fontes.

Como podemos observar, não houve diferenças significativas na alteração dos valores recebidos nos três anos, e que os recursos foram utilizados na categoria de Custeio (3350.41), no elemento 3390.30 – consumo, principalmente para material de limpeza e produtos de higienização, material de expediente, material para manutenção de bens e imóveis e material elétrico, como também para o gás de cozinha. A cada ano letivo foram enviadas 4 parcelas, e mais uma extra no início das aulas para auxiliar em pequenos reparos para a melhoria da conservação do prédio escolar. Ademais, o Fundo Estadual do Rio Grande do Norte disponibilizou recursos para o Projeto Ciência e água potável conforme vamos ver no quadro 3:

PROGRAMAS E RECURSOS 2012
PROGRAMAS E RECURSOS 2013
PROGRAMAS E RECURSOS 2014
Total de alunos informados no censo no ano anterior 375
Total de alunos informados no censo no ano anterior 351
Total de alunos informados no censo no ano anterior 387 (incluso 60 alunos no PME)
PROJETO CIÊNCIAS R$ 1.000,00
PROJETO CIÊNCIAS R$ 2.100,00
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ÁGUA POTÁVEL R$ 4.000,00
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Quadro 3: Recursos recebidos pelo Projeto Ciência e para água potável nos anos de 2012, 2013 e 2014 pela Caixa Escolar da Escola Estadual Vicente de Fontes.

Com base no quadro 3, houve um aumento no valor de 2013 para o Projeto de Ciência, porém, em 2014, não foi disponibilizado recursos para essa finalidade. Com a crise hídrica a partir de 2013, foram disponibilizados recursos para água potável. No entanto, em 2014 o gestor não solicitou porque a escola não disponibiliza de depósito suficiente para contratação de um prestador de serviço que atendesse essa necessidade, sendo a escola abastecida pelo carro pipa da prefeitura, adquirido pelo Programa de Aceleração do Crescimento - PAC 2, que supre essa necessidade a cada 2 vezes por semana.
Partimos agora para o Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE. O propósito desse programa é proporcionar recursos as instituições de ensino da educação básica e polos da Universidade Aberta do Brasil - UAB com programas de formação continuada para professores da educação básica para garantir um bom funcionamento, promovendo melhorias na infraestrutura física e pedagógica, assim como, incentivar a autogestão escolar. O PDDE possui quatro eixos de funcionamento: o PDDE Básico, o PDDE Integral, o PDDE Estrutural e o PDDE Qualidade. Neste estudo vamos apresentar o PDDE Básico e o PDDE Integral que possui como ação agregada o Programa Mais educação - PME.
Vale ressaltar que para receber os recursos do PDDE as escolas devem realizar seu cadastro informando seus dados através do PDDEweb. Após cadastrados no programa o FNDE destina 80% para custeio, dinheiro que deve ser utilizado para materiais de consumo que pode ter vida útil de até aproximadamente dois anos e a contratação de serviços para funcionamento e manutenção da escola; e, capital, dinheiro que deve ser utilizado para equipamentos e materiais permanentes que podem possuir uma durabilidade superior a dois anos, resultando em reposição ou elevação patrimonial. No entanto, caso deseje, o gestor pode alterar esse percentual para o ano seguinte de acordo com suas necessidades prioritárias na escola.
Vejamos no quadro 4 os recursos adquiridos por meio do PDDE Básico e PDDE Integral:

PROGRAMAS E RECURSOS 2012
PROGRAMAS E RECURSOS 2013
PROGRAMAS E RECURSOS 2014
Total de alunos informados no censo no ano anterior 375
Total de alunos informados no censo no ano anterior 351
Total de alunos informados no censo no ano anterior 387 (incluso 60 alunos no PME)
PDDE R$ 6. 230,88
Custeio: R$ 3.696,11
Capital: R$ 2.534,77
01 tela de projeção
02 ar condicionado
02 ventiladores de parede 60 cm
01 estante de aço 5 bandejas

PDDE R$ 8.030,31
Custeio: R$ 6.426,31
Capital: R$ 1.604,00
01 projetor multimídia

PDDE R$ 4.370,00
Custeio: R$ 3.059,00
Capital: R$ 1.311,00
01 projetor multimídia
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PME R$ 12.968,00
Custeio: R$ 10.268,00
Capital: R$ 2.700,00
01 caixa de som amplificada
20 cadeiras de plástico
05 mesas de plástico
01 roupeiro de aço 8 gavetas
01 microfone com fio
01 rádio cd
PME R$ 16.149,60
Custeio: R$ 13.799,60
Capital: R$ 2.350,00
01 notebook
01 rádio cd
01 câmara digital
03 ventiladores de parede 60 cm
02 microfones com fio
Quadro 4: Recursos recebidos pelo PDDE e PME nos anos de 2012, 2013 e 2014 pela Caixa Escolar da Escola Estadual Vicente de Fontes.

Como podemos ver o PDDE Básico e o PDDE Integral com o PME possibilita a aquisição de equipamentos e materiais permanentes muito úteis para o conforto do aluno como ar condicionados, mesas, cadeiras, ventiladores, estantes e roupeiros de aço, e também, equipamentos tecnológicos para o suporte pedagógico para contribuir para a aprendizagem como tela de projeção, projetor multimídia, microfone, notebook, rádio cd e câmera digital. Nesse sentido, consideramos que não foi detectada nenhuma irregularidade ou anormalidade na utilização desses recursos para aquisição dos respectivos materiais. Porém, lamentamos que em 2014 o FNDE desejou facilitar para os gestores dividindo os recursos em duas parcelas, consequentemente prejudicou a escola, visto que somente foi enviado uma parcela no mencionado ano e a 2ª Parcela do PME entrou somente em 2015, sendo que a 2ª do PDDE Básico até o momento ainda não foi enviada para a nossa escola.
Desse modo, a gestão da escola em parceria com o Conselho Escolar deve se responsabilizar em preservar os poucos equipamentos e material permanente, evitando empréstimos a terceiros para serem utilizados fora da escola, conscientizando os servidores no zelo pelo patrimônio público, porque algumas pessoas não tem capacitação técnica e zelo pelo setor público, possuindo a concepção de que aquilo que é público deve ser usado por todo mundo e a escola acaba enfraquecida com suas políticas de preservação de seu patrimônio, ficando sempre sucateada. Felizmente, em nossa escola a grande maioria dos servidores são compromissados e responsáveis e contribuem para que a escola funcione adequadamente.
Além disso, durante esse triênio de 2012 a 2014 a nossa escola realiza uma gincana no dia do estudante, tendo como uma das tarefas adquirir papel sem pauta que é utilizado para a escola, diminuindo custos para aquisição desse material. O são João da escola é realizado com a colaboração dos servidores e os recursos apurados nesta noite foram usados na compra de uma multifuncional em 2012 e outra em 2013. Já em 2014 esse recurso foi utilizado como ajuda de custo para um voluntário ministrar aulões do componente curricular de química no último trimestre, uma vez que desde o início do ano letivo que a escola necessitava de um professor nessa área e a Secretaria do Estado da Educação e da Cultura não solucionou o problema.  Vejamos no quadro 5 o total dos recursos que entraram no caixa escolar durante o triênio 2012 a 2014.


RECURSOS 2012
RECURSOS 2013
RECURSOS 2014
Total de alunos informados no censo no ano anterior 375
Total de alunos informados no censo no ano anterior 351
Total de alunos informados no censo no ano anterior 387 (incluso 60 alunos no PME)
Total: R$ 40.076,88
Total: R$ 57.916,31
Total: R$ 62.373,70
Quadro 5: Recursos total recebidos nos anos de 2012, 2013 e 2014 pela Caixa Escolar da Escola Estadual Vicente de Fontes.

Com base no exposto, a gestão da Escola Estadual Vicente de Fontes ocorre de forma transparente em consonância com o Conselho Escolar, aplicando os recursos financeiros recebidos de forma planejada e eficaz, visando sempre a melhoria do ensino aprendizagem nesta instituição e portanto não apresenta problemas em sua autonomia financeira. Então, a escola deverá sempre ser administradas por gestores que busque uma parceria significativa com o Conselho Escolar e continue zelando por esse relevante patrimônio público que há 80 anos vem contribuindo com a formação de cidadãos.

Referências


BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Secretaria de Educação a Distância. Caderno de Estudos do Curso PDDE. 5ª ed., atual. - Brasília: FNDE, 2013.


BRASIL. Ministério da Educação. Manual Operacional de Educação Integral. Brasília: 2014.


BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Secretaria de Educação a Distância. Caderno de Estudos do Curso PNAE. 6ª ed., atual. – Brasília: MEC, FNDE, 2014.


BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Lei Nº 11.947, de 16 de junho de 2009. – Brasília: MEC, FNDE, 2009.


BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Resolução Nº 26 de 17 de junho de 2013. – Brasília: MEC, FNDE, 2013.


RIO GRANDE DO NORTE. Secretaria do Estado do Rio Grande do Norte. Manual de orientação financeira quanto as normas e procedimentos a serem adotados pelas unidades executoras (caixa escolar). Natal, RN, 2008.

(Texto produzido por Rosamilton Lima para a Sala Ambiente Políticas e Gestão na Educação pela Especialização em Gestão Escolar pela UFRN)

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