Introdução
O Brasil ainda tem que melhorar bastante
para se tornar um país que oferte um serviço público educacional de qualidade,
visto que são muitos os fatores que contribuem para que não tenhamos bons
resultados neste setor. Por isso, nas últimas décadas há um esforço para que
possamos mudar essa realidade.
Nesse sentido, o Governo Federal através
do Ministério da Educação – MEC e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação – FNDE tem criado políticas públicas no intuito de proporcionar
melhorias nesta área. No entanto, são diversas as dificuldades para
implementação dessas políticas, a saber: o comodismo de servidores que não tem
conhecimento técnico para executá-las, o desestímulo para a formação continuada
diante da desvalorização profissional, a forma desarticulada e desorganizada de
como essas políticas são lançadas e chegam no chão das nossas escolas, o não
engajamento dos educadores por viverem sobrecarregados de suas tarefas
profissionais, a falta de interesse em não se envolverem em colegiados
voluntários, dentre outros. Faremos em seguida um breve relato dos principais
programas no setor educacional brasileiro nos posicionando criticamente a
respeito de cada um deles.
Principais programas
no setor educacional brasileiro
O Programa Dinheiro Direto na Escola -
PDDE é fundamental para o ensino público, pois,
É um programa do FNDE que destina recurso financeiro
anual. Em 2014 o PDDE foi dividido em duas parcelas, em caráter suplementar às
escolas públicas do ensino básico e privadas da educação especial, sem fins
lucrativos e para polos da Universidade Aberta do Brasil – UAB que ofertam
curso de formação para professores da educação básica. Para participarem do
PDDE as mencionadas instituições de ensino devem estar recenseadas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP e
em funcionamento regular. Já os polos da UAB são informados ao FNDE pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – CAPES. (LIMA
2015, p. 2)
Vale ressaltar que muitas escolas não
receberam a 2ª parcela de 2014. A divisão em duas parcelas foi uma iniciativa
do FNDE para facilitar o planejamento e aplicação dos recursos pelos gestores,
visto que essa autarquia alega que muitas escolas não conseguem gastar esses
poucos recursos dentro do prazo determinado, tendo que reprogramar para o ano
seguinte. Porém, é injusto algumas escolas não serem contempladas com essa
segunda parcela sem ao menos uma justificativa.
Em um eixo de funcionamento do PDDE,
temos o PDDE Integral, que contempla o Programa Mais Educação – PME que possui
relevância para nossas crianças e adolescentes, principalmente aqueles que se
encontram com déficit de aprendizagem, defasagem idade/ano e que estão em
vulnerabilidade social. Entretanto, é uma iniciativa que deve ser aprimorada
para gerar bons resultados.
O PME é um modelo de Educação Integral que poderá
obter bons resultados no futuro desde que ocorra um compromisso maior em
proporcionar melhorias na estrutura física da escola e se faça um investimento
maior nos profissionais para ministrar as atividades além de que é necessário
também destinar mais recursos para a alimentação. (LIMA 2015, p. 10)
Com base no exposto, uma iniciativa como
o Programa Mais Educação é muito boa, contudo deve ser aperfeiçoada para que de
fato se concretize como um bom modelo de educação integral..
Outros
relevantes programas, são os do Transporte do Escolar, que inclui o Programa
Nacional do Transporte Escolar – PNATE e o Caminho da Escola, pois surgem como
forma de contribuir para garantir um direito constitucional a educação de todo
cidadão brasileiro, incluindo aqui os habitantes da zona rural, para assegurar
que o aluno chegue e permaneça na escola.
Os
recursos do Pnate são destinados exclusivamente para o transporte do escolar,
ou seja, de quem está matriculado e frequenta a Educação Básica das escolas
públicas, além de residir na zona rural. Portanto, esses recursos não devem ser
usados para transportar estudantes universitários que frequentam cursos em
municípios vizinhos, nem para levar times de futebol que disputam jogos em
outras localidades nos finais de semana. (CADERNO DE ESTUDO DO CURSO PROGRAMAS
DE TRANSPORTE DO ESCOLAR, 2013, p. 21)
Com base no exposto, a determinação
do FNDE deixa claro que os recursos do PNATE devem ser usados somente com
alunos da educação básica. Entretanto, basta observarmos em cidades que são
polos universitários na hora de embarque e desembarque de estudantes que muitos
municípios fazem uso dos ônibus escolares adquiridos com recursos do PNATE para
o transporte de universitários. As justificativas dos chefes do poder executivo
municipal é que são alunos de nível sócio econômico baixo e precisam do
transporte para chegarem até a universidade.
O
direito a educação é para todos, mas para que esse direito seja assegurado
nossos alunos precisam chegar até a
escola e permanecer nela. Para tanto, se faz necessário que os Programas de
Transporte do Escolar funcionem adequadamente. O ideal seria que todos os
nossos estudantes fossem conduzidos para a escola em veículos apropriados com
conforto e segurança, ou seja, em ônibus escolares. Porém, isso parece ser
ainda uma realidade distante, não apenas para o município que moramos, mas é um
problema a nível nacional que para ser solucionado é necessário empenho dos
gestores das instâncias federal, estadual e municipal, devendo ocorrer harmonia
entre eles, pois basta o não comprometimento de uma dessas instâncias para que
o Programa Transporte do Escolar não funcione com eficiência.
É importante frisarmos também o Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE que é relevante porque proporciona uma discussão dos hábitos
alimentares das comunidades locais, com a finalidade de implementar na escola
alimentos saudáveis. “O Programa pertence a uma política social do governo que
busca desenvolver ações promotoras de saúde e de formação de hábitos e práticas
alimentares saudáveis nas comunidades local e escolar”. (CADERNO DE ESTUDOS DO
CURSO PNAE, 2014, p. 21). Além disso, de acordo com o Artigo 3, da Resolução Nº
26 de 17 de junho de 2013:
O PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento e o
desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a
formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de
educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas
necessidades nutricionais durante o período letivo.
Dessa forma, o PNAE possui como objetivos estimular o exercício do
controle social sobre sua alimentação, respeitando os hábitos alimentares e
vocação agrícola locais e também busca dinamizar a economia local, contribuindo
para a geração de emprego e renda. Porém, temos que reconhecer o desafio da
gestão escolar que tenta oferecer uma melhor alimentação escolar com os
recursos que são disponibilizados. Vale ressaltar que o
recurso financeiro disponível deveria ser mais significativo para proporcionar
mais aquisição de alimentos, pois, para os alunos matriculados no ensino
fundamental e médio a per capita é de R$ 0,30 e para os do PME é R$ 0,90. Para
finalizarmos esse breve levantamento dos principais programas inseridos nas
políticas educacionais devemos enfatizar o Programa Nacional do Livro Didático
– PNLD que apesar de seus problemas consegue abranger as escolas públicas no
país inteiro, ofertando o Livro Didático para quase todos os componentes
curriculares.
Ademais, para medir a
aprendizagem dos alunos da Educação Básica o Governo Federal realiza avaliações
com o objetivo de oferecer subsídios aos professores e as redes para ações em
busca da melhoria da qualidade do ensino. Assim,
O
sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB tem como principal objetivo
avaliar a educação básica do país e contribuir para a melhoria de sua
qualidade, a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos
para a formulação, a reformulação e o monitoramento das políticas públicas
voltadas para a educação básica. Além disso, procura também oferecer dados e
indicadores que possibilitem maior compreensão dos fatores que influenciam o
desempenho dos alunos. (INSTRUÇÕES PARA APLICAÇÃO DO SAEB 2013, p. 7)
Nesse sentido, o SAEB é composto por três
avaliações externas em larga escala: 1) A Avaliação Nacional da Educação Básica
– ANEB, que abrange, de maneira amostral, alunos das redes públicas e privadas
do país, em áreas urbanas e rurais, matriculados nos 5º e 9º anos do ensino
fundamental e no 3º ano do ensino médio, tendo como principal objetivo avaliar
a qualidade, a equidade e a eficiência da educação brasileira; 2) A Avaliação
Nacional do Rendimento Escolar – ANRESC (também denominada Prova Brasil) que
trata-se de uma avaliação censitária envolvendo os alunos de 5º e 9º anos do
ensino fundamental das escolas públicas das redes municipais, estaduais e
federal, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas
públicas; e, 3) A Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA que é uma avaliação
censitária envolvendo os alunos do 3º ano do ensino fundamental das escolas
públicas, com o objetivo principal de avaliar os níveis de alfabetização e
letramento em Língua Portuguesa, alfabetização Matemática e condições de oferta
do Ciclo de Alfabetização das redes públicas. A ANEB e a Prova Brasil são
realizadas bianualmente, enquanto a ANA é de realização anual.
Como podemos observar a responsabilidade
do gestor escolar é enorme para acompanhar e executar com eficiência os
mencionados programas, além de contribuir para obter bons resultados nas
referidas avaliações externas. Logo, é preciso que ocorra na escola a gestão
democrática, porque ela
Pressupõe a
participação nas decisões e na execução das ações relativas ao projeto escolar;
entretanto, no cotidiano da escola, a participação é “amarrada”: vê-se
diretores e coordenadores em busca da participação dos professores, sem
encontrar empenho. A passividade de muitos é revelada nas ações cotidianas, da
escola. A gestão participativa demanda responsabilidades – além da opinião,
demanda comprometimento; historicamente, a educação foi organizada de forma que
a participação dos docentes na área administrativa e de tomada de decisões
fosse mínima – as decisões eram tomadas em gabinetes e executadas no ambiente
escolar. (GESTÃO EM REDE 2008, p. 9)
Com base no exposto, a gestão escolar
encontra várias dificuldades para que a comunidade escolar se engaje na gestão
participativa, contribuindo para o bom funcionamento da escola, porque alguns
servidores preferem se distanciar da gestão, não assumem suas
responsabilidades, optando em desvalorizar o trabalho da gestão escolar.
O gestor escolar possui um papel
fundamental na educação brasileira, porque ele deve assumir com
responsabilidade e compromisso sua função, assegurando a melhoria dos
resultados de desempenho da escola como o rendimento, frequência e proficiência
dos alunos, avaliar e buscar a melhoria contínua do projeto pedagógico da
escola, assim como se preocupar com as avaliações externas como a ANEB, Prova
Brasil, ANA, ENEM para obter bons resultados e atingir um bom nível de
satisfação da comunidade escolar. Por exemplo, na Escola Estadual Vicente de
Fontes, instituição de ensino que atuamos como gestor o resultado da Prova
Brasil em 2013 foi de 4,5, média superior as demais escolas situadas no
município de José da Penha e dentro da média desejada. Já no ENEM 2014, a mencionada
escola ficou com média 487,2, o que a colocou no ranking de 1ª colocada dentre
as 22 escolas estaduais que fazem parte da 15ª Diretoria Regional de Educação -
DIRED. Sabemos que temos muito que avançar para que possamos melhorar a
educação, mas pelo menos a nível municipal e regional nossa escola com esses
resultados consegue um bom nível de satisfação pela comunidade escolar.
O gestor deve planejar e avaliar o
projeto político e os planos de ação da escola de forma participativa, além de
incentivar a atuação do conselho escolar, pois há muita dificuldade na formação
desse colegiado, visto que as pessoas não querem se dispor a acompanharem no
que se refere a contribuir com o planejamento e monitoramento de ações na
instituição de Ensino. Entretanto, o gestor escolar tem que insistir na
parceria com família e toda a comunidade escolar, para dividir
responsabilidades e descentralizar a gestão.
Ademais, para que o gestor consiga
exercer sua função de forma eficiente é necessário que ele realize uma boa
gestão pedagógica, de pessoas, de serviços e recursos. Logo, deve ser
indicadores de uma gestão de qualidade a
atualização periódica da proposta curricular, o monitoramento e aprendizagem
dos alunos, a inovação pedagógica, a organização do espaço e tempo escolares, as
políticas de inclusão com equidade, o planejamento da prática pedagógica,
integração entre os profissionais da escola e os pais e os alunos e preservação
do patrimônio escolar, dentre outros. Então, são diversas as atribuições de um
gestor escolar e ele precisa de engajamento e dedicação para desenvolver sua
função e superar os desafios que surgem no seu dia a dia.
Conclusão
Portanto, a equipe gestora deve possuir
uma visão abrangente do seu trabalho e do conjunto das competências necessárias
para seu desempenho e ser capaz de proporcionar o seu automonitoramento e
avaliação. Contudo, quando nos referimos ao sucesso escolar, devemos considerar
o desempenho de professores, funcionários e equipe gestora, atribuindo o
resultado do trabalho educativo a responsabilidade de todo o coletivo escolar.
A
democratização da gestão escolar possibilita as pessoas da comunidade escolar a
participação no processo decisório da escola, oferecendo momentos de diálogo e
convivência coletiva. Então, é nessa perspectiva que desenvolvemos nosso
trabalho em quanto gestores, oportunizando toda comunidade escolar de dar a sua
contribuição para a melhoria do ensino-aprendizagem no nosso estabelecimento de
ensino. Logo, acreditamos que promover a qualidade na educação é formar
cidadãos críticos, preparados para atuar no meio social de forma a contribuir
significativamente para o bem estar da população para que ocorra mais igualdade
social no país, uma vez que, são as lutas sociais que impulsionam as conquistas
constitucionais do direito a educação.
Referências
BRASIL.
Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE). Secretaria de Educação a Distância. Caderno de Estudos do Curso PNAE. 6ª ed., atual. – Brasília: MEC,
FNDE, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação
(MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Gestão em rede. Brasília : MEC, FNDE, Agosto,
2008.
BRASIL. Ministério da
Educação (MEC). Programas de Transporte
do Escolar. 4. Ed., atual. Brasília : MEC, FNDE, 2013.
BRASIL. Ministério da
Educação (MEC). Instruções para
aplicação do Saeb. Brasília : MEC, FNDE, 2013.
BRASIL.
Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE). Resolução Nº 26 de 17 de junho
de 2013. – Brasília: MEC, FNDE, 2013.
LIMA,
José Rosamilton de. O Programa Mais
Educação na Escola Estadual Vicente de Fontes em José da Penha – RN. INTERLETRAS,
ISSN Nº 1807-1597. V. 3, Edição número 21, de Abril, a Setembro 2015 Disponível
em: http://www.unigran.br/interletras/conteudo/
artigos/9.pdf>
Acesso em: 16 ago. 2015.
(Texto produzido por Rosamilton Lima para a Sala Ambiente Políticas e Gestão na Educação pela Especialização em Gestão Escolar pela UFRN)
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