O campo do currículo no Brasil: os anos noventa

O currículo é um relevante tema para discussão nas escolas brasileiras, porque nosso aluno necessita de uma base de conhecimentos que ajude a superar as dificuldades do dia a dia. Nesse sentido, é necessário um direcionamento nesses conteúdos que componha um currículo pertinente com a realidade desse estudante. Para isso, MOREIRA (2001) destaca os Estados Unidos como uma referência para o Brasil nessa área. Para essa constatação, o referido estudioso realizou uma pesquisa nos anos 90 com especialistas brasileiros, verificando como eles têm recebido, interpretado, integrado e/ou rejeitado as novas influências, ideias e teorias.

Na opinião dos especialistas entrevistados foi constatado um avanço de produção na área do currículo, mas que é necessário fazer uma análise crítica sobre o que vem sugerido na literatura estrangeira para que se encaixe e seja realmente útil para a realidade brasileira. Além disso, foi apontado que nosso país deve se preocupar um pouco mais com a cultura, despertando para as questões de gênero e raça. Eles acrescentam ainda que as universidades devem trabalhar a formação de professores levando em conta um currículo que esteja próximo da realidade da prática na escola com conteúdos mais significativos voltados para situações problemas no chão da sala de aula. Assim, o campo do currículo deve avançar, mas sem perder o foco na prática pedagógica.

Dessa forma, como podemos ver ocorreu um crescimento na produção de teorias sobre a área do currículo, embora seja perceptível a necessidade de analisar criticamente pesquisas e estudos nessa área, mas que se confirma que ocorreu de fato um salto qualitativo. Então, para que essa produção de conhecimento teórico seja significativa, proporcionando resultados deve aplicar esses estudos na prática pedagógica.

Portanto, o currículo deve ser pensado para atender as perspectivas dos estudantes na sociedade atual, trazendo componentes curriculares relacionados ao interesse deles para motivá-los cada vez mais a aprendizagem que seja aplicada além dos muros da escola, evitando assim o fracasso escolar. A grade curricular deve ofertar componentes com base na dinamicidade do ambiente social, mas pensada com responsabilidade de acordo com uma reflexão crítica em que se mantenha o objetivo da escola que é preparar o aluno para exercer a cidadania plena. Logo, não devemos nos encantar por propostas curriculares importadas sem antes realizarmos uma avaliação para aplicarmos de acordo com a realidade de nossas escolas. Assim, o problema do currículo deve ser resolvido na prática, discutindo os problemas do cotidiano para criação e aplicação de métodos e/ou abordagens teóricas.

Na concepção de MOREIRA (2001), o aumento na produção de ideias e sugestões de teorias ainda não se chegou efetivamente na prática de sala de aula, isto é, o currículo deve ser visto como o ambiente em ação. “O papel da teoria é ajudar os profissionais envolvidos no trabalho com o currículo a refletir profundamente sobre suas situações individuais específicas, e não a mudar as escolas, hoje nas mãos de políticos, editores e especialistas nas diferentes disciplinas (MOREIRA 2001, p. 47). Nessa perspectiva, ainda temos um desafio enorme para avançar nesse campo do currículo para que ocorra uma melhoria na aprendizagem dos alunos em um saber que seja útil para sua vida quando concluir a sua educação básica, e na concepção do referido autor, nos anos noventa o campo do currículo caminhou para uma situação de crise, mas que esse período pode ser fértil porque possibilita o surgimento de alternativas teóricas e novas práticas.

Referências

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa Moreira. O campo do Currículo no Brasil: os anos noventa. IN: Currículo sem Fronteiras, v.1, n.1, pp.35-49, Jan/Jun 2001. Disponível em: <http://www.curriculosemfronteiras.org/vol1iss1articles/moreira.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2015.

(Texto produzido por Rosamilton Lima. Atividade da Sala Ambiente Fundamentos do Direito à Educação do Curso de Especialização em Gestão Escolar).